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26/07/2017
O mercado Jurídico precisa de coragem

(Inspirado na entrevista de Nizan Guanaes em Cannes para Reclame: “O futuro da propaganda está na coragem”) https://www.facebook.com/ProgramaRe...

Tomo a liberdade de copiar conceitos da fala de Nizan Guanaes para o mercado jurídico.

O mercado jurídico tem muitos medos.... Ouvindo Nizan falar, e com mais de 17 anos de experiência no mercado de gestão de escritórios de advocacia, sinto que o que existe neste mercado legal são muitos medos: medo de sair da zona de conforto; medo de reinventar modelos de distribuição de resultados; medo de reinventar o modelo de negócio como participação de investidores que não advogados; medo de abrir o mercado e competir com escritórios estrangeiros; medo de repensar o mecanismo de contratação de advogados; medo de reinventar os fluxos de trabalho; medo da chegada dos robôs; medo da inteligência artificial etc.

“Quero que o mundo mude, mas não o meu mercado / segmento. ” Vejo muitos sócios / advogados querendo que o mundo inteiro mude, pois estas mudanças trazem avanços para a sociedade e os advogados fazem parte dela, seja com relação a qualidade ou preço dos produtos e serviços oferecidos. Porém, ao mesmo tempo, querem que o seu mercado fique protegido: “mudanças aqui não! ”

Avanços na medicina, na educação, nos transportes com a informatização, reinvenção de processos, mesmo que isto possa causar momentaneamente transtorno para os profissionais dos segmentos afetados pelas transformações, tudo bem! “No entanto, no meu segmento não! ”

O exemplo mais recente foi a chegada do novo conceito de transporte em concorrência com os taxistas. Muitos advogados criticam o comportamento de taxistas que à força querem barrar esta entrada no nosso mercado, alegando que ninguém pode ser contrário à modernidade, aos benefícios para a maioria, mesmo que isto represente algum transtorno / adaptação a certo segmento. Mas quando falamos em inteligência artificial no mercado jurídico, não se permite nem a reflexão sob o pretexto de que nada pode substituir o advogado, ou de que tal inovação irá roubar o trabalho de advogados; ou ainda que a vinda de escritórios estrangeiros promoveria uma concorrência “desleal”, mesmo que estas iniciativas e inovações possam representar melhoria na qualidade do serviço prestado a um custo mais baixo, fruto de maior eficiência.

Contudo, o mesmo raciocínio não é aplicado à medicina, por exemplo; neste caso, é dito que não se pode privar a sociedade de conhecimentos e investimentos oriundos de outros mercados.

Acho importante deixar claro que, muitas vezes, determinadas ideias e iniciativas não são aplicáveis ou mesmo vantajosas em determinados segmentos, mas o que não se pode, a meu ver, é não querer nem discutir o assunto e se fechar no conservadorismo com medo do novo, do diferente, do ousado.

Eu costumo dizer que num mercado moderno e livre não dá para barrar os movimentos da sociedade com medidas e regulações de proibição, pois o mercado é como água: se você colocar algum anteparo ela vai buscar caminhos alternativos. Já vimos isto, por exemplo, com o tabelamento de preço, em que surge um mercado paralelo; com o tabelamento da taxa de câmbio, em que se cria um mercado negro de câmbio etc.

Você pode até revogar a lei da gravidade, mas os objetos continuarão caindo do mesmo jeito!

Você pode até revogar a lei da gravidade: basta algum deputado propor a medida e um congresso qualquer aprovar; entretanto, no momento seguinte, os objetos cairão do mesmo jeito. Um exemplo disto foi o tabelamento dos juros a 12% na constituição de 1988. As proibições via regulamentações impositivas, a meu ver, só criam controles desnecessários, desgastes e custos adicionais.

Use o peso do seu adversário a seu favor. Acredito que a teoria do judô se aplica bem aqui, ou seja, usar o peso do adversário em benefício próprio, que seria olhar de peito aberto para as inovações e modernidades e tentar extrair delas proveito.

Como o meu segmento pode se beneficiar destas novidades, mesmo que haja custo? Analisemos a possibilidade de escritórios estrangeiros entrarem no Brasil. Se não quero fragilizar o nosso mercado, como poderia tirar proveito de eventual flexibilização em relação a esta regulamentação? E se, ao invés de não querer nem falar deste assunto, estudássemos maneiras do mercado jurídico nacional tirar proveito de uma eventual iniciativa como esta? Permissão a escritórios estrangeiros se associarem a escritórios nacionais limitando a participação em 30% do capital. Que tal regulamentar a entrada de escritórios estrangeiros, porém limitando a um certo percentual do capital da sociedade nacional, algo como, no máximo, 30%? Desta forma, o controle ainda estaria nas mãos dos sócios brasileiros e, uma associação desta natureza, poderia trazer, além da injeção de capital para investimentos, também a possibilidade de se adquirir conhecimentos e expertise de outros operadores do mercado legal, não no campo jurídico, mas em administração, T.I., gestão do conhecimento, Inteligência de mercado, entre outras áreas.

No campo da comunicação, da divulgação do escritório, devemos aproveitar as novas ferramentas disponíveis e fazermos uso delas, ao invés de proibir ou impor limites e barreiras. Hoje, as mídias sociais são, nas mais variadas formas, importantes veículos de comunicação, de divulgação e os escritórios não podem ser alijados deste mercado. “De boca em boca” virou “de tecla em tecla“.

Já disse algumas vezes que o tradicional “de boca em boca” que os mais conservadores ainda defendem virou “de tecla em tecla“. Uma das cenas mais comuns na atualidade é irmos a um restaurante na hora do almoço em um dia útil e nos depararmos com 4 colegas de trabalho em uma mesma mesa e ninguém falando (verbalmente) com ninguém, mas todos teclando (falando / comunicando-se) com alguém fora daquela mesa. É assim que atualmente se comunica!

No mundo atual a nossa opção é mudar: mudar ou desaparecer!

 

A BÓREA - Consultoria especializada em gestão de escritórios de advocacia é liderada por Mario Esequiel, que atua há anos no mercado jurídico, possuindo experiência em grandes escritórios de advocacia, e pode apoiar a gestão do seu escritório.



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